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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Lições para a Vida que aprendi andando no mato.


Tenho algumas manias. Umas doidas, outras menos doidas. Mas tenho.
Tomar café com leite enquanto almoço é uma delas.
Colocar creme de leite em tudo, também. Na salada, no caldinho de batata, no miojo...fica muito bom!

Outra mania é querer aprender em todo lugar. Quero sempre extrair aprendizados daquilo que vejo, faço...essa, talvez, seja uma mania "normal". Um desses aprendizados quero compartilhar hoje com vocês:

Gosto muito de fazer trilha. Andar sem rumo no meio de florestas, fazendas, campos; enfim, Natureza.

Hoje fiz uma trilha que saiu um pouco da rota. Não sou expert, mas onde ando domino um pouco.
E porque saiu da rota, disso aprendi algumas coisas: Ei-las:

1- Não é porque você domina o assunto, que deve ter excesso de autoconfiança.
Vez ou outra pensamos que certas coisas que iremos enfrentar, por experiência de vida, já "tá dominado". Porém, as mesmas dificuldades nunca aparecem duas vezes do mesmo jeito.
Heráclito disse: "Não se entra duas vezes no mesmo rio". E é verdade! Você não é o mesmo duas vezes, nem o rio o é. Então, por mais "dominada" que esteja a situação, a vida sempre prega peças.
O melhor a se fazer é ter a sensatez e serenidade de enxergar do todo para as partes, a tal visão holística. Assim os obstáculos, inéditos ou não, ficarão menos dificultosos e ganharão a sua medida exata.

2- Para ir mais longe, diminua as expectativas.
Parece paradoxal, mas é quando esperamos menos da vida, mas ela se nos apresenta abundante.
Quando saio para as trilhas, nunca penso chegar em Tocantins (mentira, penso sim! Rsrsrs!) Falando sério, nunca penso em ir tão longe. E quando vejo, ao estilo Paulo Nunes, acabo "fondo" Rsrs.
Eu sempre espero o pior, e a lógica é simples: é mais fácil sermos surpreendidos esperando menos do que o inverso. E claro, menos doloroso.
Difícil treinamento, mas necessário: esperar menos, e a cada conquista, comemorar muito.

3- Não tenha medo de ousar. Tenha medo de ficar parado. 
Por mais que eu goste e conheça um pouco os caminhos que trilho, pra mim eles sempre são novos e por conseguinte, prazerosos. Tem carrapato, espinhos, charcos...mas são gostosos, porque me fazem vencer pequenos obstáculos. Tenho medo do novo sim, mas uso esse medo a meu favor. Já fiz trilhas à noite, nos mesmos lugares onde ando durante o dia. É muito diferente, confesso, mas encaro, gosto desses desafios. E na vida? Um novo emprego, novos amores (ah, novos amores!). Esfriam a barriga, esquentam o rosto, mas há que ser vivido, acabarão por constituir quem somos, e isso é mágico!
Tenho medo de enferrujar, não de girar girar (ou que girem em mim), as engrenagens de uma existência valiosa.

4- Não somos uma ilha, devemos aceitas as mãos que se estendem. 
Hoje aconteceu algo atípico: eu ter que bater palmas numa fazenda, para poder cortar caminho, pois o outro estava difícil e desgastante além da conta. Um gentil homem saiu, me ofereceu água, abriu a porteira para eu atravessar, conversamos um pouco (destino, motivações etc) e parti. Parti grato por saber que há sempre "porteiras" abertas para mim. Já quis ser independente, forte, autossuficiente ...mas sofri e recuei. Preciso sim de muita gente, são os construtores de quem sou. Sou fruto dessas interações.

5- Na trilha ou na vida: quanto menos se leva, mais longe se vai. 
Como podemos medir a riqueza de um homem: pelo que ele tem?
Creio que não. Penso que o melhor aferidor seja "o que a pessoa faz daquilo que ela tem".
Quando faço trilha onde vou voltar no mesmo dia, levo sempre: canivete, pederneira e sal.
Isso é o suficiente para comer qualquer coisa no mato, seja lambaris nos riachos que cruzo, seja rã, bambu, frutas...é o suficiente.
O problema é que por excesso de cautela, queremos nos prevenir de tudo. E o peso da bagagem aumenta.
Desapeguemo-nos do que não agrega, do supérfluo, daquilo que suga nossa energia. Veremos que podemos ir mais longe. Tanto pessoas, lugares, circunstâncias: se nos diminuem, precisam ser evitadas.

6- Saiba a hora de desistir e não tenha vergonha disso. Como disse no início de nossa conversa, minhas trilhas são habituais. Hoje, todavia, não contava com o imprevisto: devido às chuvas, o mato cresceu além do que eu imaginava. E é capim navalha, que pelo nome, você deve imaginar o quanto corta! Rsrs! (Estou com as pernas toda riscadas).
Tive que abortar a missão de ir aonde queria. Com tristeza, porque meu ponto de chegada tem um pomar "esquecido" numa clareira dentro de uma floresta, onde há abacate, pêssego, amora, banana. Iria fazer a festa! Mas não deu. Foi quando me dirigi à fazenda, pedindo para voltar à estrada.
Insistir naquilo que estamos vendo que no ônus é maior que o bônus, não vale a pena.
Não sugiro desistir no primeiro ou no vigésimo obstáculo. Não é questão de "quantos", e sim "por quês" . Vale apenas arrastar relações? Vale a pena permanecer num emprego onde não se é valorizado? É disso que estou falando! Saber a hora de parar é tão nobre quanto insistir.
Precisamos sempre dessa autocrítica, dessa autoavaliação, para não ficarmos reféns de continuar com escolhas só porque elas foram feitas láááááá em 1987.
Tenho feito escolhas novas, desistido de umas antigas. E colocando na balança, meu coração tem agradecido.


Espero, da minha alma, que essas lições lhe sirvam para alguma coisa. Sou um ser em constante reforma, não tenho todas as respostas.

Nas trilhas da vida, quero deixar rastros de generosidade e bondade. Não sou santo, mas esse querer tem me aproximado de pessoas encantadoras.


Vai ver elas trilhavam a mesma esperança que eu. Espero que você seja uma delas,

Abraços!