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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A Menina que Nasceu Poesia

A Menina que Nasceu Poesia


Não era uma vez, era tanta vez que perdi a conta
Que nesse faz-de-conta a menina nascia
Nascia prosa, verso
Nascia átomo, universo
A Menina nascia poesia
De tão poesia que era
Despertava com as flores
Brincava de saudade
Pintava quadros com amoras e amores
Dormia entre estrelas
Cobria-se com o luar
Até no seu bocejar havia harmonia
Aquela menina que nasceu poesia
Seu pranto era um riacho
Em seus poros emanavam gotas de Afrodite
Acredite, ela carregava o Sol como laço de fita
Sua pele era a expressão do mais belo dia
Na Menina que nasceu Poesia
Quem via a menina correndo descalça
Fazendo das poças de lama seu parceiro de valsa
Não acreditava em tanta alegria
Avisavam: - Menina, assim ocê cai!
Ela, fazendo-se de surda, bailava entre pedriscos
Ah, aqueles pezinhos ariscos!
Rabiscavam o chão com Poesia!

Ao entardecer, a Menina sentava-se
Embaixo de uma pitangueira
E toda faceira, folheava sua vida
Pensava nos amores que teve
Nos sorrisos que ainda ofereceria
Às pessoas que por ela transitavam
E debaixo da pitangueira adormecia
Sonhava então com um mundo
Como uma folha em branco
Onde cada passo seria uma estrofe
Cada amizade uma doce simetria
Sem borrachas para apagar os rascunhos
Assim era o sonho da Menina-Poesia
Perdia a hora de jantar
Sua mãe ralhava: - Cá pra dentro, Poesia!
Vem banhar!
Ela colhia pitangas, fazia da barra do vestido uma bolsa
- Tô indo, manhê!
E corria...corria como se pisasse em brasa
Em cinco segundos estava em casa
Pitangas rolando pra baixo da escadaria
Os pés sujos com a terra-tinta do seu mundo-tela
Deixando rastros de aquarela
A Menina coloria seu lar
A Menina que nasceu Poesia.
O pai chegava do trabalho
Beijava a mãe e perguntava:
- A Poesia adormeceu?
- Faz tempo! – a mãe respondia
- Mas deixou em cima da mesa umas pitangas
Pra você comer depois do jantar
O pai ia ao quarto da Menina
Cobria-lhe o peito, beijava-lhe a testa
Alisava-lhe o cabelo e baixinho dizia:
- Como pode num ser tão pequeno, caber tanta Poesia?
Deixava a porta entreaberta, uma terna luz iluminava a Menina
E com um doce suspiro, o pai se despedia.
A Menina abria um olhinho e sem que o pai escutasse
Respondia sua pergunta:
- É por ser tão pequena que carrego Poesia!

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Lições para a Vida que aprendi andando no mato.


Tenho algumas manias. Umas doidas, outras menos doidas. Mas tenho.
Tomar café com leite enquanto almoço é uma delas.
Colocar creme de leite em tudo, também. Na salada, no caldinho de batata, no miojo...fica muito bom!

Outra mania é querer aprender em todo lugar. Quero sempre extrair aprendizados daquilo que vejo, faço...essa, talvez, seja uma mania "normal". Um desses aprendizados quero compartilhar hoje com vocês:

Gosto muito de fazer trilha. Andar sem rumo no meio de florestas, fazendas, campos; enfim, Natureza.

Hoje fiz uma trilha que saiu um pouco da rota. Não sou expert, mas onde ando domino um pouco.
E porque saiu da rota, disso aprendi algumas coisas: Ei-las:

1- Não é porque você domina o assunto, que deve ter excesso de autoconfiança.
Vez ou outra pensamos que certas coisas que iremos enfrentar, por experiência de vida, já "tá dominado". Porém, as mesmas dificuldades nunca aparecem duas vezes do mesmo jeito.
Heráclito disse: "Não se entra duas vezes no mesmo rio". E é verdade! Você não é o mesmo duas vezes, nem o rio o é. Então, por mais "dominada" que esteja a situação, a vida sempre prega peças.
O melhor a se fazer é ter a sensatez e serenidade de enxergar do todo para as partes, a tal visão holística. Assim os obstáculos, inéditos ou não, ficarão menos dificultosos e ganharão a sua medida exata.

2- Para ir mais longe, diminua as expectativas.
Parece paradoxal, mas é quando esperamos menos da vida, mas ela se nos apresenta abundante.
Quando saio para as trilhas, nunca penso chegar em Tocantins (mentira, penso sim! Rsrsrs!) Falando sério, nunca penso em ir tão longe. E quando vejo, ao estilo Paulo Nunes, acabo "fondo" Rsrs.
Eu sempre espero o pior, e a lógica é simples: é mais fácil sermos surpreendidos esperando menos do que o inverso. E claro, menos doloroso.
Difícil treinamento, mas necessário: esperar menos, e a cada conquista, comemorar muito.

3- Não tenha medo de ousar. Tenha medo de ficar parado. 
Por mais que eu goste e conheça um pouco os caminhos que trilho, pra mim eles sempre são novos e por conseguinte, prazerosos. Tem carrapato, espinhos, charcos...mas são gostosos, porque me fazem vencer pequenos obstáculos. Tenho medo do novo sim, mas uso esse medo a meu favor. Já fiz trilhas à noite, nos mesmos lugares onde ando durante o dia. É muito diferente, confesso, mas encaro, gosto desses desafios. E na vida? Um novo emprego, novos amores (ah, novos amores!). Esfriam a barriga, esquentam o rosto, mas há que ser vivido, acabarão por constituir quem somos, e isso é mágico!
Tenho medo de enferrujar, não de girar girar (ou que girem em mim), as engrenagens de uma existência valiosa.

4- Não somos uma ilha, devemos aceitas as mãos que se estendem. 
Hoje aconteceu algo atípico: eu ter que bater palmas numa fazenda, para poder cortar caminho, pois o outro estava difícil e desgastante além da conta. Um gentil homem saiu, me ofereceu água, abriu a porteira para eu atravessar, conversamos um pouco (destino, motivações etc) e parti. Parti grato por saber que há sempre "porteiras" abertas para mim. Já quis ser independente, forte, autossuficiente ...mas sofri e recuei. Preciso sim de muita gente, são os construtores de quem sou. Sou fruto dessas interações.

5- Na trilha ou na vida: quanto menos se leva, mais longe se vai. 
Como podemos medir a riqueza de um homem: pelo que ele tem?
Creio que não. Penso que o melhor aferidor seja "o que a pessoa faz daquilo que ela tem".
Quando faço trilha onde vou voltar no mesmo dia, levo sempre: canivete, pederneira e sal.
Isso é o suficiente para comer qualquer coisa no mato, seja lambaris nos riachos que cruzo, seja rã, bambu, frutas...é o suficiente.
O problema é que por excesso de cautela, queremos nos prevenir de tudo. E o peso da bagagem aumenta.
Desapeguemo-nos do que não agrega, do supérfluo, daquilo que suga nossa energia. Veremos que podemos ir mais longe. Tanto pessoas, lugares, circunstâncias: se nos diminuem, precisam ser evitadas.

6- Saiba a hora de desistir e não tenha vergonha disso. Como disse no início de nossa conversa, minhas trilhas são habituais. Hoje, todavia, não contava com o imprevisto: devido às chuvas, o mato cresceu além do que eu imaginava. E é capim navalha, que pelo nome, você deve imaginar o quanto corta! Rsrs! (Estou com as pernas toda riscadas).
Tive que abortar a missão de ir aonde queria. Com tristeza, porque meu ponto de chegada tem um pomar "esquecido" numa clareira dentro de uma floresta, onde há abacate, pêssego, amora, banana. Iria fazer a festa! Mas não deu. Foi quando me dirigi à fazenda, pedindo para voltar à estrada.
Insistir naquilo que estamos vendo que no ônus é maior que o bônus, não vale a pena.
Não sugiro desistir no primeiro ou no vigésimo obstáculo. Não é questão de "quantos", e sim "por quês" . Vale apenas arrastar relações? Vale a pena permanecer num emprego onde não se é valorizado? É disso que estou falando! Saber a hora de parar é tão nobre quanto insistir.
Precisamos sempre dessa autocrítica, dessa autoavaliação, para não ficarmos reféns de continuar com escolhas só porque elas foram feitas láááááá em 1987.
Tenho feito escolhas novas, desistido de umas antigas. E colocando na balança, meu coração tem agradecido.


Espero, da minha alma, que essas lições lhe sirvam para alguma coisa. Sou um ser em constante reforma, não tenho todas as respostas.

Nas trilhas da vida, quero deixar rastros de generosidade e bondade. Não sou santo, mas esse querer tem me aproximado de pessoas encantadoras.


Vai ver elas trilhavam a mesma esperança que eu. Espero que você seja uma delas,

Abraços!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Sobre dores e relógios: uma reflexão.

Não faz muito tempo e estava sentado em frente ao computador, assistindo às vídeo-aulas da faculdade de Ciências Contábeis. Muitas vídeo-aulas, na verdade. Umas cinco horas.

Levantei-me e notei que dois dedos da mão esquerda estavam dormentes. Chacoalhei a mão e nada. Abri e fechei-a freneticamente, nada.

Pensei: amanhã passa. O amanhã veio, a dor não se foi.

Não sou de ir ao médico. Não quero sermões. (risos).

Mas essa dor me mostrou algumas coisas que resolvi compartilhar:

Nós nem notamos que temos um corpo, no dia a dia. Você lembra do seu joelho? Seu calcanhar?

A engrenagem funciona e nem nos damos conta. A não ser que...

A não ser aconteçam duas coisas: contato.

Quando recebemos carinho ou quando o corpo dói, a gente lembra que as partes existem.

Você esquece que tem axila até que receba cócegas nela. (Eu, pelo menos!)

Você nem se lembra do cabelo até que ganhe um cafuné.

O carinho nos faz lembrar que o corpo está ali, vivo, com sangue correndo nas veias.

Outra coisa que nos faz lembrar que temos partes, membros superiores, inferiores, são as dores.

Sua cabeça existe e você nem nota, mas espere só a enxaqueca chegar!

Seus dedos funcionam numa boa, mas uma farpa chega e muda até sua rotina!!

Assim é com nosso corpo, assim é com nossos relacionamentos.

Frugal dizer, mas só damos valor quando perdemos.

E meus dedos estão aqui, dormentes. Como muita coisa em minha vida. Sonhos, aspirações...estavam normalmente transitando em minha alma, porém o tempo foi anestesiando, anestesiando...e hoje sinto falta.

Meus dedos me fizeram notar que a vida ocorre no Hoje, que não posso viver num passado que foi bom ou num futuro incerto. Não tenho a ampulheta da Vida! O Kronos não me passou procuração!
Hoje são meus dedos, amanhã o que mais? Um acidente de carro? Incêndio? Perda de um ente querido?

Preciso mudar minha disposição emocional, preciso fazer esse exercício (com muita luta interna) de acreditar que a vida longa é um blefe, que preciso amar HOJE, cuidar HOJE, desenterrar sonhos HOJE, porque precisamos do outro, e o outro precisa da gente. Desperdiçar a vida, além de burrice, é falta de empatia. Não nos damos conta que nosso ostracismo não aniquila somente a nós mesmos, mas a quem nos cerca também.

Talvez eu vá ao médico. Se você comentar sermões eu desistirei. (risos).

Mas essa nem é a questão! Na verdade, preciso de um relojoeiro, pra consertar esse tempo que tão infantilmente tento domar.

Desejo o mesmo pra você!